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  • Foto do escritorDavi Junior

RESENHA: Assasin's Creed - Irmandade, livro



“Chegarei até o coração negro de um império corrupto para arrancar o mal pela raíz. Mas Roma não foi construída em apenas um dia e também não será reerguida por um Assassino solitário. Eu sou Ézio Auditore de Florença. Essa é minha Irmandade.” Com um prelúdio de vitórias e derrotas, o livro Assassin’s Creed Irmandade continua a saga do assassino mais célebre da história!

UM É POUCO

Após finalizar Assassin’s Creed Renascença, as duas reações mais prováveis dos leitores certamente foram compostas pela mesma maneira como a editora do livro dividiu seu público-alvo: os fãs assíduos da maior e mais lucrativa franquia de jogos da desenvolvedora francesa Ubisoft e os leitores de primeira viagem que ou queria entender o porquê de tanto sucesso do game nos consoles ou que simplesmente queriam a oportunidade de ler uma história de assassinos ambientada na Renascença.

Os fãs de longa data certamente adoraram reviver na literatura as emoções dos games, afinal a leitura é rica em detalhes e acrescenta muito a personalidade de Ézio enquanto personagem, já que, in game, é o jogador o responsável pelas emoções do protagonista. Porém, também é certo que todos sentiram falta da presença de Desmond, personagem contemporâneo que vai até a Renascença que foi cortado da saga nos livros.

Já os novos leitores ficaram um tanto quanto admirados pelo final excepcional de reviravoltas quanto cansados de ler um livro com capítulos um tanto quanto semelhantes, que peca pela falta de novidade ao longo do livro.

Para ambos os públicos, o único ponto que ficou devendo foi a “falta” de gente. Ézio fica sozinho a maior parte do livro, e é difícil segurar um enredo de um personagem vingativo que repete os mesmo objetivos diversas vezes (clique aqui para ler a resenha do primeiro livro).


Leonardo DaVinci, destaque do primeiro livro,

ganha ainda mais espaço no segundo livro.

Foi essa “falta de gente” do primeiro livro que fez com que Assassin’s Creed Irmandade se tornasse um livro muito melhor que o primeiro, já que além do fascinante mundo do Credo dos Assassinos, Oliver Bowden finalmente pode colocar em papel todo o seu talento criando um enredo cheio de tramas e conexões entre vários personagens.

DOIS É BOM

Após a derrota do Papa Alexandre VI pela posse da Maçã do Éden, artefato místico que concede uma espécie de magia ao seu usuário, Ézio encontra seus companheiros do credo. Seu erro foi subestimar a velhice de Rodrigo Bórgia (o nome real do Papa Alexadre VI), que reuniu tropas e destruiu o esconderijo dos assassinos, matando a praticamente todos os seus membros, incluindo seu líder, Mario Auditore, tio de Ézio.

Tal episódio obriga Ézio a reorganizar o Credo com os poucos membros que restaram, precisando para isso, da ajuda de homens e mulheres que ele mesmo não sabe até onde pode confiar para impedir que os poderes da Maçã do Éden traga a desgraça ao mundo!

É num clima tenso e sombrio que a história do segundo livro de Assassin’s Creed começa. Fazendo um paralelo histórico ao eventos que ocorrem na época em que a história é ambientada, o mestre na história do Renascimento Oliver Bowden descreve fato a fato, como Roma estava caindo pouco a pouco nas mãos do mais cruel e corrupto Papa sem escrúpulos que a Igreja Católica já teve.


Os filhos de Alexandre VI, Césare e Lucrécia Bórgia, são amantes

que não medem escrúpulos para terem o que querem!

Se a história se faz graças a um bom vilão, a participação de Rodrigo Bórgia em Assassin’s Creed Renascença fez do personagem um modelo ideal de vilão para a continuação, já que além dele, seu filho Césare Bórgia entra na trama se mostrando ainda pior que o pai.

O que surpreende leitor e gamer enquanto conhece a trama da obra se torna ainda mais fascinante a medida que um novo personagem com contexto real vai entrando na história. Para o jovem estudante, estudar personagens como Leonardo da Vinci e a história da Igreja se torna uma experiência muito mais saborosa e para o adulto formado, a referência torna o livro tão cult quanto prazeroso, dando a sensação ao leitor adulto que seus anos de estudo valeram a pena.

TRÊS É DEMAIS!

Atento ao destaque de seu livro anterior e a sua falta de mais personagens, Assassin’s Creed Irmandade faz com que Ézio divida a atenção com mais dois personagens: Leonardo DaVinci e Nicolau Maquiável.

Leonardo da Vinci é o maior italiano de toda a história, responsável por dezenas de estudos, invenções, obras de arte e, é claro, a pintura de La Gioconda, mais conhecida como Monalisa. Enquanto que Maquiavel é considerado o pai da Ciência política, um um historiador, poeta, diplomata e músico italiano que gerou o termo “maquiavélico” por sua visão racional do mundo.

Apesar de ambos os personagens estarem no primeiro episódio da trama, é quando Ézio funda a Irmandade de Assassinos que ambos os personagens começam a ganhar um gigantesco destaque.


A trama envolvendo Maquiavel (fazendo o ritual de iniciação

em Cláudia Auditore) valoriza o personagem e a trama.

A trama chega a tal ponto que mesmo os personagens não estando em cena, é possível sentir a sua influência na trama, tanto pela fragilidade que a confiança dada a um membro da Irmandade necessita como pela visão distinta que os personagens têm se comparados a Ézio.

Outro ponto divisor de águas entre os dois volumes, é que o livro Irmandade deu a oportunidade de desenvolver muito mais o lado humano de Ézio, que com mais de quarenta anos, já sente o peso da idade e não mais consegue deixar de pensar na mulher que mais amou na vida, Caterina Sforza.

Caterina é mais uma personagem retirada da história real: com uma educação altamente requintada, a jovem casou-se com Girolamo Riario, quando passou a deter, pela união, o título de Senhora de Ímola e Condessa de Forli. Desempenhando muitas vezes o papel de homens, Caterina foi a líder de revoltas contra o papado de Alexandre VI, sendo destituída de seu título em uma derrota para Césare Bórgia.

O relato acima parece ter sido tirada do próprio Assassin’s Creed, mas é a narração fiél da vida da personagem. Traçando um enredo que faz uma perfeita alusão de todos os momentos da história da Condessa de Forli, Oliver Bowden faz da relação dela com Ézio vários dos ápices do livro, com uma mistura única de amor, dúvida e sexo.


Ézio vive o drama de amar a mulher a quem deve deixar

para viver sua vida pelo credo dos assassinos!

A quantidade de personagens ainda permite explorar mais profundamente o modo de vida e a maneira de pensar e agir dos personagens acerca de Ézio. O modo frio como Cesare Bórgia vê o mundo, a maneira submissa de sua irmã, Lucrécia Bórgia, o idealista Leonardo DaVinci, o racional Maquiável, o sonhador Batolomeu Dalviano, o descrente La Volpe, a astuta Cládia Auditore, entre tantos outros assassinos formam uma trama que dá ao leitor uma visão renascentista muito criativamente intimista.

UMA MUDANÇA SEMPRE DEIXA UM CAMINHO ABERTO PARA OUTRAS

Recontando a história de um game, martirizando personagens, fascinando jovens, criando analogias, desenterrando orgias e massacres, revivendo o amor puro, provocando a reflexão histórica, descrevendo pensamentos, encaixando o spin-off de PSP dentro do enredo e atendendo a uma massa de nerds que ansiavam por mais literatura de Assassin’s Creed, Oliver Bowden criou mais que um best-seller.

Se o primeiro livro foi um divisor de águas no marketing dos games, foi Assassin’s Creed – Irmandade o responsável por tornar a adaptação de games mais que um apelo mercadológico, mas uma obra primorosa que bajula por sua proximidade e encanta por sua qualidade histórica.


E após o segundo volume, Oliver Bowden ainda aprontou

mais um capítulo para encerrar a trilogia de Ézio.

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