Davi Junior
Como o teatro melhorou minha técnica de apresentação

Todos aqueles que me veem apresentando um evento, interpretando em uma peça, dando uma aula ou fazendo uma palestra muitas vezes nem desconfiam como eu sou tímido. É verdade! Para mim, sempre foi muito mais fácil falar para um monte de gente do que só para uma pessoa.
Me lembro que na quarta série a professora propôs uma trabalho em que seriam nós, os alunos, que pesquisaríamos e, posteriormente, daríamos uma aula toda (meio período do dia letivo) sobre o assunto.
O tema era sobre planetas, se não me engano, algo que eu amava e, por isso, foi muito fácil para mim e para o meu grupo guiar aquela aula, pois apesar da tensão antes de entrar na sala, eu estava extremamente entusiasmado em falar de algo que eu já lia em todas as edições da revista Superinteressante que eu achava na escola e na enciclopédia do meu pai.
A partir daí tudo foi festa e apresentar trabalhos escolares ou falar para turmas inteiras era muito simples para mim, porém, me apresentar à uma pessoa desconhecida, falar com a garota que eu gostava ou ter que encarar sozinho o os feed-backs da primeira empresa que eu trabalhei era uma tortura!
Para piorar, na faculdade meu grupo zerou a nota de apresentação em um trabalho integrado de conclusão de semestre. E tudo por minha culpa! Parecia que aquilo que eu mais sabia fazer estava errado!
Só fui entender o que acontecia comigo e tomar consciência de quais erros e acertos eu estava tendo, quando comecei a ter aulas de teatro. O teatro ajuda não apenas aos tímidos a se expressar melhor como ao afoito a se controlar e eu vou explicar nesse texto o porquê contando minhas próprias experiências.
NÃO TENHA MEDO DO RIDÍCULO
Vamos começar contando sobre minha timidez: eu corava só de chegar perto de uma garota, gaguejava para pedir informação sobre o horário do ônibus e tremia só de pensar em ter que falar com meu chefe.
Eu nunca entendi exatamente qual experiência criou essa timidez em mim. A Programação Neuro-linguística diz que muitos dos nossos comportamentos são moldados devido a alguma experiência, geralmente na infância, que cria mecanismos de defesa contra algo que nos pareceu perigoso.
Eu não sei dizer o quê ou se aconteceu algo do tipo comigo, mas no teatro percebi que meu medo e de todos ali era fazer algo errado e passar de ridículo. Quando eu era criança, eu estudava e estudava o texto da primeira peça que fiz, mas sempre havia algum erro durante o ensaio em que todos caiam na gargalhada.
Mesmo depois de adulto, nos ensaios isso ainda acontece. Comigo e com todos os atores. Isso porque errar é humano e é necessário passar pelo ridículo para entender isso. Porém, rir junto em um ambiente em que o erro é aceito com esportividade foi muito mais saudável para me fazer entender isso.
NEM SEMPRE É PESSOAL
Ok, ok. Parei de temer me expor ao ridículo, mas ainda me magoava quando levava um não de uma garota. Isso eu tenho certeza que acontece com todo mundo.
Mas no teatro eu percebi a olhar as coisas sobre outras óticas. Quando algo te magoa, muitas vezes você só está pensando em você. Não se colocou no lugar do outro para entender o que ele estava pensando.
No teatro, fazemos inúmeros exercícios que nos fazem experimentar o ponto-de-vista e as emoções de personagens que passaram por experiências que nos levam a entender seus porquês.
O desenvolvimento da empatia me levou a entender que nem sempre um "não" é pessoal, além de passar me colocar no lugar do outro cada vez que iniciamos uma conversa.
MENOS É MAIS
Lembram do que eu disse sobre o "zero" na apresentação do trabalho integrado da faculdade? É aqui que ele entra. Mas antes deixa eu explicar melhor o que aconteceu.
No dia do trabalho, o grupo preparou uma mega apresentação. Queríamos mostrar para todo mundo que sabíamos "de tudo" sobre o tema do trabalho (que a nível de curiosidade eras sobre Mercado de Luxo) e nos esquecemos do tempo limite de apresentação.
O resultado foi que em 10 minutos, ainda estávamos na introdução do trabalho e, mesmo o professor deixando a gente extrapolar mais 10 minutos apresentando, não chegamos no assunto que realmente interessava para eles avaliarem.
A disciplina que as aulas de teatro despertam durante as suas dinâmicas e lições me fizeram (e ainda fazem) me colocar de volta à Terra e me conter ao me apresentar.
Lembra aquela habilidade natural de falar para o público? Aprendi que ela deve ser utilizada, mas não deve ser exagerada. O conteúdo deve ser dosado a fim de transmitir a mensagem ideal ao receptor.
APRENDA MAIS
Quanto mais você dominar o assunto que vai falar, mais você saberá dosar o quanto seu público quer ouvir. No trabalho integrado da faculdade, nós pensávamos que sabíamos "de tudo", por isso exageramos no conteúdo. Tudo o que sabíamos era muito pouco comparado a todo o universo do mercado de luxo, mas queríamos mostrar resultado a todo o custo.
No teatro, não há um limite para ensaiar. Aprender mais sobre seu papel, seu personagem e a disposição de todos os atores em palco, além da função de cada um em cena, é um exercício que sempre pode ser mais e mais aperfeiçoado e lapidado.
A próxima apresentação sempre será melhor que a primeira, por isso é fundamental a busca pelo aperfeiçoamento do conteúdo. Se o que você vai apresentar é uma palestra, pesquise mais sobre o tema, converse com mais profissionais da área e torne sua habilidade em transmitir conhecimento cada vez mais apurada.
UM PASSO DE CADA VEZ
Esse e o próximo tópico valem tanto para quem é tímido como para quem é afoito: sempre siga seu caminho dando um passo de cada vez.
A semelhança entre o tímido e o afoito é que ambos sempre estão um passo além do que está acontecendo: o tímido está prevendo que o seu contato não será bem sucedido enquanto o afoito está querendo falar tanta coisa que o acha que o tempo é curto demais para o que tem a dizer.
Do mesmo jeito que o ator precisa que seu estado de espírito esteja concentrado em seu papel em palco, qualquer conversa precisa do seu estado de presença.
Não há melhor conversa que aquela em que se gosta de se estar fazendo, não há palestra melhor de se assistir do que a do cara que curte estar apresentando o tema.
O exercício do estado de espírito não é fácil. Ainda mais com tantas distrações (celular, cof, cof...) ao nosso redor. Mas é um exercício contante a se fazer a cada conversa com a garota que você gosta ou à apresentação do relatório mensal na empresa.
AUTO-ESTIMA
Com o teatro, o aluno desenvolve a habilidade de aprender com os erros e não se deixar abater, aumentando inclusive a capacidade de aceitar os erros alheios. Com isso, o aluno passa muito mais facilmente a entender seus pontos fortes, se valorizando mais e aumentando sua auto-estima.
E quem gosta de si mesmo não se preocupa qual será a reação do outro. Se houver identificação (pelo conteúdo da pessoa ou pelos resultados que apresenta) vai haver conexão.
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Para finalizar, gostaria que convidá-los a ler o e-book gratuito que minha esposa Natália Carmelo (clique aqui para acessar o site dela) escreveu aplicando as técnicas de teatro em apresentações corporativas.
A Natália é atriz profissional fundadora do Instituto de Arte Techniatto (clique aqui para conhecer) e tem mais de 10 anos de experiência em artes cênicas e usou todo o seu conhecimento para escrever o e-book 7 Dicas para Uma Excelente Apresentação.
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