Davi Junior
RESENHA: Capitão América - Guerra Civil

Escolher um lado, uma ideologia ou uma posição, já levou o ser humano a enfrentar os mais variados conflitos que vão desde o enfrentamento olho a olho até a reflexão mais profunda do significado do ser individual. Em Capitão América - Guerra Cívil, o cinema blockbuster teve a oportunidade de contemplar uma das melhores disputas entre heróis de todos os tempos, dentro e fora do cinema.
CERTO E ERRADO
Se Guerra Civil foi o filme que deu o pontapé inicial na terceira fase de filmes do Universo Cinematográfico da Marvel - MCU nos cinemas, sua repercussão e sua expectativa começaram muito antes do próprio segundo filme de Vingadores (leia a resenha aqui) chegar aos cinemas.
A Marvel soube trabalhar muito bem ao longo de seus 12 filmes iniciais (!) a rivalidade de seus dois principais protagonistas. Desde seu primeiro encontro no primeiro longa de Vingadores (leia a resenha aqui) Capitão América e Homem de Ferro já trocavam fagulhas por suas maneiras distintas de se pensar: um mais ideológico e o outro mais prático, mas ambos valorosos. Isso fez com que, naturalmente,duas correntes de fãs também surgisse, uma apoiando a maneira Stark de pensar e a outra o jeito Capitão de se agir.

A partir do momento em que foi anunciado, o estúdio deu um banho de marketing e merchandising, espalhando produtos, videos e comerciais de TV que alimentavam ainda mais a rivalidade destes grupos, fazendo as hashtags #teamstark e #teamcaptain chegarem aos trading topics das mais populares redes sociais, bombarem fóruns de discussão e ainda repercutir fora da mídia de nicho, chegando ao ponto de se "manifestar" nas redes de TV brasileiras durantes os protestos contra o governo nacional em 2015.
Do vermelho ao azul, da razão à emoção e da discussão entre certo e errado, os pontos de vista se conflitaram ao máximo até chegar à estreia do filme, que fez bonito. Muito bonito!
O TRATADO DE SOKÓVIA
Se vocês assistiu aos filmes anteriores do MCU, parabéns: você vai aproveitar muito mais o Guerra Civil. Mas se não viu, não tem problema, sabendo quem é Homem de Ferro e Capitão América (e, a não ser que você estivesse vivendo em outro planeta, você sabe) você aproveita todo o filme, pois a trama inicial se desenvolve 100% dentro dele.
Caçando o vilão Ossos Cruzados, uma parte dos Vingadores liderada pelo Capitão América causa um acidente que causa a morte de algumas pessoas. Se unindo aos casos em Nova York e Sokóvia, onde outros civis saíram machucados, protestos contra os heróis começam a surgir por todo o mundo, acusando os Vingadores de agirem como milícias.

Após se sensibilizar com a história de uma mãe que perdeu o filho, Tony Stark passa a apoiar uma medida da ONU onde todas as atividades dos Vingadores deveram ser reportadas ao órgão. Os heróis (ou pessoas com super-poderes) que não concordarem devem se aposentar e, em caso de atividade ilegal, serão considerados criminosos.
Em meio a tudo isso, T'chala, o príncipe de Wakanda, começa uma caçada desenfreada ao fugitivo Bucky, o Soldado Invernal, que foi acusado de matar o rei de Wakanda em um tratado das Nações Unidas.
Steve Rogers rechaça a ideia logo de início, mas começa a desprezá-la após a caçada de Stark à Bucky, que se mostra ineficaz ao condenar o vilão mesmo antes de tentar averiguar sua inocência. Para piorar, o "poder" de ter a lei em suas mãos corrompeu Tony Stark a ponto de ele se propor apagar registros policiais para "limpar a ficha" de alguns incidentes condenáveis pela própria lei.
Os Vingadores rapidamente se dividem entre o Homem de Ferro e o Capitão América. De um lado, Stark e os heróis que apoiam o controle da Lei de Sokóvia. Do outro, Rogers e os heróis que defendem a liberdade de atuação dos heróis. Entre certo e errado, o filme culmina na batalha do aeroporto, onde todos os personagens envolvidos combatem um contra o outro numa elaborada sequência de duelos que aproveita o que cada personagem faz de melhor, capricha nos efeitos visuais, usa um texto divertido e, de quebra, ainda insere o Homem-Aranha ao MCU, no mais bem feito fan-service que o cinema já teve.

CAPITÃO AMÉRICA VS HOMEM DE FERRO, A ORIGEM DE UM GRANDE FILME
O grande acerto de Guerra Civil foi montar seu roteiro apoiado na grande questão levantada durante toda a campanha que a precedeu: montar uma história baseada na disputa entre dois heróis: o filme todo!
Diferente de Batman v Superman: A Origem da Justiça, aqui o que realmente importa é o combate entre os maiores ícones da Marvel. O vilão até está lá, mas ele desempenha um papel acadêmico no filme: é apenas a fagulha que dá o início em toda a trama. Dá a impressão que, mesmo sem ele, devido ao histórico dos personagens, uma hora a história iria acontecer, cabendo ao Barão Zemo apenas acelerar essa disputa.
A batalha final entre os personagens resume muito bem toda a disputa fora das telonas: é pesada, cheia de ideologia, fortes argumentos e compreensível quando é superficial. O filme fala de heróis, mas é extremamente humano em suas questões. A tomada é extremamente bem filmada, dá a sensação de estarmos na frente dos personagens, e a interpretação de Robert Downey Jr. e Chris Evans é para ficar na história.

Vale ressaltar que a fórmula Marvel está presente novamente: agrada a todos os quadrantes público, mas não quebra paradigmas resolutivos, mantendo o desfecho episódico.
Para finalizar, é muito boa a sensação que o filme traz ao final. Você sai do cinema louco para ver o desenrolar dos próximos filmes. Ninguém ganha, ninguém perde, a discussão continua e os prós e contras são muito bem destacados. E (não leiam se não querem um spoiler pesado) é muito bom ver a cara de Tony Stark no fim da batalha pedindo o escudo do Capitão América na maior infantilidade, mostrando muito bem o quanto o nível de evolução e da diferença de personalidade dos personagens vai influenciar nos próximos longas.
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