Davi Junior
RESENHA: Thor – O Mundo Sombrio

Colhendo os frutos de uma bem sucedida fase de grandes blockbusters no cinema, Thor – O Mundo Sombrio, veio como a carta coringa do estúdio para intensificar os elementos semeados em filmes anteriores e criar expectativas para as futuras produções.
UM ESTÚDIO CHAMADO MARVEL
Só a Marvel Studios consegue ser a Marvel Studios. Com uma capacidade criativa capaz de unir o público casual e hard-core das histórias em quadrinhos no cinema, A Marvel Studios conseguiu renovar e quebrar os paradigmas de receio que cada nova produção de Hollywood causava nos fãs de quadrinhos após os sucessivos fracassos de crítica que outros estúdios faziam com seus heróis.
Como resposta a produções imediatistas, o projeto Vingadores conseguiu reunir em 6 filmes toda a magia e, principalmente, trabalhar a expectativa do fã, característica marcando de toda histórias em quadrinhos em qualquer parte do globo.
O que fazer depois de Vingadores (leia a resenha aqui) era a grande questão. Se o início conturbado de uma segunda fase para o estúdio veio com a estreia de um despreocupado Homem de Ferro 3 (leia a resenha aqui), foi o segundo filme do Thor que tornou possível uma projeção de algo muito maior e muito mais conciso dentro de um universo que tem muito a oferecer e muito a se expandir.
A BASE: THOR E LOKI
Se em Homem de Ferro 3 os produtores pareceram meio preocupados de onde começar e para onde levar o herói, se apoiando em seu contexto, Thor – O Mundo Sombrio soube se aproveitar como nenhum outro filme da Marvel Studios da grande base do universo Marvel que tanto cativa públicos de gerações em gerações: a humanidade dos personagens.

Parece difuso a humanidade estar latente em um filme que tem deuses como temática, porém essa proximidade entre mortais e imortais que sempre conduziu as mitologias mais antigas e as solidificou para serem contadas e recontadas por toda eternidade. Sendo assim, para que a Marvel se concentrar em disputas de poder, se o que realmente interessa é o que restou da irmandade de Thor e Loki?
Se no primeiro filme do Thor (leia a resenha aqui), o relacionamento, a disputa, a inveja entre irmãos e o relacionamento com o pai tornou o filme rico de mensagens e moralmente reflexivo, é exatamente a quebra dos laços entre os personagens que sustenta toda a trama do segundo filme, fazendo os novos vilões parecerem desnecessários.
DESENVOLVENDO A TRAMA
Depois dos acontecimentos de Thor e Os Vingadores, Thor (Chris Hemsworth) luta para restaurar a ordem em todo o cosmo. Mas uma raça antiga de Elfos Negros, liderada pelo vingativo Malekith (Christopher Eccleston), um inimigo sombrio que antecede o próprio universo, e seu braço-direito, o jovem porém cruel Algrim (Adewale Akinnuoye-Agbaje), retorna para afundar novamente o universo em trevas.

Diante de um inimigo que nem Odin (Anthony Hopkins) e nem seu reino Asgard podem combater, Thor deve embarcar em sua viagem mais perigosa e pessoal, que o reunirá com Jane Foster (Natalie Portman), que está possuída por um elemento superpoderoso chamado Éter, cobiçado pelos Elfos Negros, e o forçará a sacrificar tudo para salvar a todos. Thor terá que reconstruir Asgard, reunindo um exército para a batalha contra os Elfos Negros. Mas a única maneira de ele poder fazer isso é indo para o Mundo das Trevas, e a única pessoa que tem acesso para o lado negro de Asgard é seu irmão mais novo Loki (Tom Hiddleston), que está trancado em uma prisão. Com a batalha se aproximando, Thor tem que negociar uma trégua com Loki. Thor, Loki e Jane embarcam em uma missão que pode definir o futuro dos Nove Reinos.
Com um enredo que tentou valorizar a participação de Natalie Portman, reunindo todos os personagens do primeiro filme e uma perfeita sincronia de acontecimentos, a produção acerta em cheio também a medida que conceitua Thor como um herói de grandes feitos, sendo o ponto chave de todo o desenvolvimento do universo criado pela Marvel Studios.

Até mesmo a localização da história na Inglaterra facilitou as possíveis “desculpas” para a necessidade de mais Vingadores no filme. Elevado a projeções de alto impacto, as batalhas, sejam elas na Terra ou em Asgard, em grupo ou em atuações solo, valorizaram o universo da trama e mostrou como Chris Hemsworth encarna o personagem como sempre o tivesse vivido.
Tão grandiosa foi a atuação de Tom Hiddleston. O drama da dualidade do personagem Loki colocou o ator em situações que variavam do cômico ao trágico, desenvolvendo o personagem cada vez mais e, ao que parece, tentando criar um rival de peso para o vilão Coringa dos filmes do Batman, até então, o único vilão das comics americanas capaz de rivalizar sua popularidade com outros heróis.
O drama de Loki, somado a trama paralela que a ele se desenvolve, incluindo uma das mais belas cenas envolvendo René Russo no papel de Friga, esposa de Odin e mãe adotiva de Loki, cria um ponto chave no filme que certamente será um dos elementos que guiarão todos os próximos filmes da Marvel Studios.
PELAS BARBAS DE ODIN!
Icônico, reflexivo, dinâmico, bem construído e bem desenvolvido. Thor – O Mundo Sombrio é (com o perdão do trocadilho) sem sombras de dúvidas o melhor filme da Marvel Studios, superando até mesmo o próprio filme dos Vingadores.

Se a primeira fase das produções do estúdio criou todo um público e uma verdadeira legião de fãs, o segundo longa do deus do trovão entregou aos fãs algumas das principais premissas em continuações que faltam na grande maioria dos blockbusters: respeito ao fã, liberdade criativa inteligente e espaço para os atores mitificarem seu talento dentro de um universo que jamais deixará de crescer.